quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Inquieto


            Viver é sofrer – CALA A BOCA Arthur!

            Eis ai a razão da Filosofia atualmente ser tão negada nas civilizações ocidentais, principalmente no novo mundo: o que os varões predizem é algo inegável e real, porém duríssimo e que desmantela a nossa vida.

            Veja Platão – mundo das ideias – nos mostra que há uma perfeição a ser alcançada, no entanto, não somos um ideal, somos uma amostra falhada dum plano maior, que inexiste, ou que existe num outro plano.

            Calma... Volte um pouco... Respire... Agora vá... Mas vá devagar... De –vagar. Vagar.

            A dor nos flagela, nos flagela e dilacera, dilacera e acelera, acelera e acarreta, acarreta em nossa destruição. Fruição é algo que não encontro não, paro. Estalo. Flua a mente insana que presa se solta foge por entre as palavras se enlaça se destraça trapaça se tornando algo que ninguém mais quer.

            Interessante é saber que ninguém mais quer.

            Deus não está vendo você escondido!
            Ninguém vê você escondido!
            Então qual o motivo de se esconder?
            Pra amainar a dor? Pra acalentá-la?
            Mentiroso! No fundo no fundo você a cria.

            Cria a cria, alimenta-a de dia, de noite, de tempo em tempo, já logo será um monstro. Monstro peçonhento que crava suas garras na mente e a rasga, e a machuca e a leva a um novo nível.

            O novo nível é voltar atrás.

            PARE! Volte três casas...
            Volte... Três... Três... Três em um, logo será nenhum!
            PARE! Volte a si...

            A edadicilef tem que ser escrita assim, pro Mal não vê-la e assim acontecê-la, concretizar-se. Mas a edadicilef não existe, é um imenso engano, a minha é diferente da sua, a sua é diferente da minha, e eu encontra a minha na sua vida, que é infeliz.

            Quero navegar na imensidão do mundo azul... Quero saber que sou parte de tudo isso, mesmo sentindo que não sou parte de nada. Quero me completar com o mundo, mas o mundo já não me completa.

            E onde está você agora?
            Onde está seu riso agora?
            Onde está seus planos agora?
            Estão comigo... Estão comigo...

            Só se pode ser Zilef quando se perde. Assim você se acha e a Zilef o traz.

 Deus vê tudo de longe...

Chegue mais perto...
- Acho que não escutou...

CHEGUE MAIS PERTO!

            Seja quem for...
E livra-me de mim mesmo...

            

sábado, 17 de agosto de 2013

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Tributo para ela

Tributo para ela

         Estavam quedados, havia um tempo em que se encontravam assim, entretanto antes disto ocorrera uma tormenta, ou melhor, um gracejo, uma brincadeira, ele azucrinara a ela fazendo cócegazinhas, ela em resposta lhe dera chutes com uma força de leoa, e isso ela fazia com maestria, porém “sem querer”.
         Ela com medo de tê-lo machucado o fez deitar-se em sua coxa e ficou olhando o rosto dele. Sentaram no chão, ela recostada na parede e ele na coxa dela. Ficaram quietos, se olhavam. Os cabelos dela escorriam pelo rosto dela, deslizavam e caiam ficando perto do rosto dele.
         - Hei... – Iniciou ele com voz fraca, como era costumeiro quando iria elogiá-la.
          - O que foi? – Responde ela já corando, pois sabia o que viria...
         - Sabe... Você é muito especial pra mim... É muito bom estar do seu lado... – Ela corara definitivamente.
         - Mas você não está do meu lado. – Diz ela com voz também fraca, tentando não cruzar os olhos dela com os dele, abrindo um meio riso.
         - Me olha... – Ela assim o faz. Ele eleva a sua mão e toca no rosto dela. – Eu gosto tanto de tocar a sua pele...
         - Ela tá cheia de espinha... Ela é feia, toda esburacada! – Ela vira o rosto com pressa.
         - Para com isso... – Diz ele com uma fineza, porém clareza indescritíveis. Toca novamente o rosto dela e suavemente vai conduzindo para que ela o olhe novamente. – Olha... Pode parecer muita ladainha minha, mas eu tenho que falar... Eu... Eu... Eu sou agraciado por ter-te em minha vida... Olha... Tua pele, mesmo que você ache feia e tudo o mais, ela é perfeita, é delicada, é macia, é um deleite pras minhas mãos. Tocar-te é como se os céus estivessem em minhas mãos... E teus cabelos... Eles são tão lindos, é como se estivesse em minhas mãos o mais fino tesouro que existe nesta terra. E teus lábios... Quem me dera eles fossem só meu...
         - Para com isso... – Ela fala sem forças.
         - Mas é sério... Quem me dera que eles fossem só meus, pois um beijo teu é o paraíso que eu sempre desejei pra mim...
         - Você está inventando demais...
         - Então vem cá... – Ela se aproxima mais. – Você sabe que eu te amo néh?
         - Sei...
         - Só isso?
         - Ah... Eu... Eu...
         - O quê?
         - Eu... Também te amo...

         Ele segurou a nuca dela e fez com que ela se curvasse lentamente, fazendo assim o cabelo liso dela cobrir a face de ambos e deixá-los em um mundo apenas deles.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Conto


Depois de Ontem


            Acordara em torno das 15h, seus olhos não abriram direito. Seu corpo não havia descansado o suficiente para compensar a noitada que tivera anteriormente. A festa fora um sucesso. Só os resultados do dia seguinte é que entristeciam, porém, é normal no outro dia se estar mal, não é mesmo leitores?
            Pisara no chão. Seu corpo estava pesado, puxava-a para a cama, mas sua mãe há tempos estava lhe chamando para que acordasse. Caminhou a passos lentos pelo quarto, se assemelhava a um ser em transe, ou um alguém automatizado. A uma lentidão tamanha, chegou até o botão que acendia a luz de seu quarto e o acendeu. Um quarto de piso negro, paredes rosa com alguns desenhos de flores nelas, uma cômoda cheia de maquiagens em cima e um espelho, enfim, um quarto de garota. Andou até sua cama e jogou seu corpo, sentando-se aos pés desta, ficando de frente para seu guarda-roupa de cor marrom escura, com um espelho diante de si.
            A primeira coisa que notara em si, era os olhos fundos, de uma “noite” mal dormida, mas talvez bem vivida. Depois notara o cabelo todo mal arrumado, normal para quem acaba de acordar. Depois notara que seu corpo inteiro estava doendo, e principalmente, sua cabeça latejava, similar ao badalo do sino da Catedral da Sé.
            Estava tão sonolenta que não conseguia se importar com isso, a não ser com as dores, porém com seu estado lamentável, isso ela ignorava com maestria. Uma maestria comum em sua vida.
            Tentou em primeiro momento lembrar-se da noite anterior.  A festa da amiga. Festa tão aguardada, tão desejada e tão bem aproveitada... Mas ela não se lembrava de tudo...
            Tentou recapitular o que havia acontecido na madrugada anterior. O badalar de sua cabeça soou mais forte. Fechou os olhos com força. Abriu-os novamente, devagar, os olhos se adaptando a luz, coisa que acontece, geralmente, no reino animal. Sua memória colaborou e lhe desenhou a imagem dela chegando à festa: a camisa jeans, com detalhezinhos pontiagudos, da cor prata, na gola, uma calça jeans mais escura e seu vans preto, que ela tanto o amava. Maquiagem singela, lápis de olho preto, um pouco de base. Sim, sempre lhe caia muito bem, todos os adereços, a pulseira dourada no braço, o brinco pequenino que não chama a atenção, um batom rosa claro em seus lábios pequeninos, mas chamativos, justamente por serem pequenos e carnudos, algo em que faz os adolescentes da sua faixa etária sonharem em se tornarem canibais e devorá-los, não ao pé da letra, pelo amor do nosso Senhor, bom Cristo.
            Lembrou-se do seu riso, da falsa imagem de feliz que passara a todos, da falsa imagem de que estava satisfeita com a vida, quando pelo contrário, abominava-a, mas isto nem vem ao caso. Com seu riso, sua mente teceu, lhe recordando da ansiedade em que estava para a festa, rever tantos amigos que há tempos não os viam... Amigos falsos, é bem verdade, mas quem liga pra isso? Acudiam na hora de esquecer de tudo, então... Eram amigos, por pior que fossem, por mais falsos e malignos que fossem, estariam lá, de braços abertos, falando que a amava, que sentiam falta dela, sim, tudo uma farsa, mas ela gostava das mentiras deles, mesmo sendo mentira, na hora lhe acolhia e fazia seu peito ficar tranquilo e ter um esboço do que é ser “feliz”.  Sim, eles iriam pra lá, e visualizou-os, enquanto se lembrava, deles na festa. Como eram idiotas, piadas porcas, mas engraçadas, indiretas dos garotos querendo o corpo dela, que ela fugia com sensibilidade, dando risada, e em alguns momentos eram até bem humorados mesmo. Ela se recordou destas coisinhas, e também do seu primeiro copo...
            Fora um copo de vodca com energético, fraco, como sempre fazia. Começar com bebidas leves, essa era a sua conduta, conduta para não ficar louca de uma vez nem dar pt rapidamente.
            Com o primeiro copo, vinha também o narguilé que ela tanto gosta. A essência, a fumaça presa em sua boca. Sim leitores, as coisas estavam ficando claras, até o momento é claro, em verdade, em verdade, ela desses momentos não havia se esquecido, somente do que virá depois. Bebidas, amigos chegando, festa rolando solta, era tudo uma maravilha...
            Ela tinha por hábito beber para esquecer-se das coisas, das coisas que lhe incomodavam, que lhe inquietavam, a menina que tentava viver de fato o carpe diem, porém não conhecia o sentido da frase em sua origem, lá com os árcades, enfim, bebeu, e gostava disso. Viveu, como se a vida só valesse a pena naquele instante. Os amigos ajudavam nisso, lhe ofereciam mais bebidas, e lá ia ela, colocando tudo garganta a dentro, fumando tudo que lhe davam, na realidade, ela que solicitava.
            Se recordava bem disso, mas pouco a pouco essas memórias com o passar da noite iam se tornando mais nebulosos, pois estava ficando alta, e quando assim ficava, se esquecia das coisas, não raciocinava direito, colocava mais e mais para dentro, apenas.
            Sua cabeça começou a doer, pelo simples fato dela tentar forçar sua mente a se lembrar dessas partes “nebulosas” da madrugada anterior. Doera sim, mas cessara, trazendo novas figuras: Um amigo, um troglodita gorducho, inchado dos pés a cabeça, que lhe abraçava com brutalidade. Ambos estavam bêbados já, fedendo as bebidas consumidas, ao narguilé e cigarros ingeridos, mas isso não importava, estavam rindo. O gordo mal se importava com ela, mas e daí? Era festa, e em festa, é como carnaval, todos colocam uma máscara e vão se divertir... Enfim, ele a apertava, ela ria, porém tentava sair dos braços dele, estava machucando, ela clamava em meio ao seu riso alto para que ele a soltasse, ele grunhia como bicho, e ela ria mais. Outro amigo chegara para acolher, outro bêbado, puxou as pernas dela. Ela agora em frente ao espelho via as marcas roxeadas do abraço de um, e do apoio fornecido pelo outro para livrá-lo do primeiro. Seu coração se apertou nesse instante ao se lembrar disso. Ela, a garota que tanto criticava as outras pelas ações toscas dela, estava lá fazendo isso. Ela, com seus quinze para dezesseis anos, fazendo uma cena dessa, uma cena que ela não se orgulharia que seus pais vissem, que seus mais chegados amigos, e estes mais velhos, vissem. Se envergonhou de si mesma. Envergonhou-se, por tentar fugir sabe-se lá do que... Ou sabia...
            Sua mente lhe lançou um inside e ela viu a figura do garoto que ama... Ele a olhava com olhar sério diante da cena descrita anteriormente, e o balançar de sua cabeça, negativamente, recusando-se a aceitar o que acabara de ver.
            Isso apertou o coração dela, viu seus olhos se comprimirem por um instante, encherem-se do líquido incolor com gosto de soro fisiológico, mas não o colocou para fora, também não o reteve, apenas manteve-se do jeito que estava.
            Havia um peso sobre ela, um peso que queria apagar de si, mas tentara apagar algo na noite anterior e fizera essa dor vir no tempo que chamamos de presente, que na verdade já é passado... Se aquietou, mas o coração fazia um barulho alto, o corpo em inércia, o coração em uma constante cada vez mais rápido.
            Sua mente, resolveu pregar-lhe uma peça e lhe fez voltar a festa, ao fim dela. Após ter visto o olhar do garoto que amava, ela se pôs a beber mais, ficando mais alta ainda, chegando a mal se manter em pé, porém ainda falar que era normal aquilo... Era o fim da festa, ela o viu indo embora, chamou-o, ele parou e virou-se... Ela foi até ele, sorridente, feito uma idiota, porém seu rosto quando bebe fica igual o de quem quer chorar. Uma bêbada com cara de quem chorava de alegria será? Quem sabe? Foi até ele, mas ele ao vê-la naquele estado, se desvencilhou dos braços que ela lhe estendera, recuara e foi-se embora.
            Tal lembrança doeu ainda mais no ser dessa moça, começou a chorar e a frase que o garoto proferiu quando se afastou dela, foi o rompente das lágrimas: Não é essa a garota que eu acho linda, essa é outra, muito parecida, mas sem a essência daquela que tem o sorriso perfeito, daquela que me faz feliz por simplesmente estar perto de mim... Passar bem.
            Ela chorava por saber que ele fora embora por ela ter assumido outra personalidade, talvez a sua verdadeira, quem é que o sabe? A personalidade da garota jovem que gosta de beber, que gosta de estar com gente “errada” , que gosta de ser uma sem beber e outra quando bebe, que bebe pra fugir...
            Ela queria fugir de tudo isso novamente, se olhava no espelho e se achava um lixo... Ficou chorando, mas em silêncio, até que se lembrou, que dali a cinco dias, haveria uma festa.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Gracejo


Minha Dona
            Talvez meu jeito de ser, bem no âmago, seja muito ao estilo de Vinícius de Moraes: um homem que ama a beleza da mulher. Porém, ainda sim, sinto-me no dever de dizer que eu possuo um faro muito mais “apurado”, pois há um jeito de ser nas mulheres, em algumas, que me atrai em demasia, e é a essa beleza, que tributo minhas palavras. É para a beleza delas... Contudo, seria demasiado insano dizer que apesar deu olhar com uma maior atenção a um tipo de mulher, eu nunca seria enlaçado por uma dessas. Na verdade, o que eu sempre quis ao admirá-las era que uma delas me olhasse, e foste tu quem me olhou. E é a ti que lanço minhas palavras mal construídas...
            A outras, dum passado nebuloso, eu dissera que eram filhas dos grandes deuses do Olimpo, ou melhor, disse que se eles fossem reais, elas seriam filhas de determinados deuses. Mas contigo, não uso desse método. É falho, é torpe, é bobo. A ti eu daria o nome de Helena, não aquela que gerara a guerra entre os gregos e os troianos, mas a simbologia do nome, pois o nome Helena em grego, significa “grego”. Dar-lhe-ia o nome Helena, pois seria você o motivo do declínio dos próprios deuses (se eles fossem reais, lembremo-nos disso), seria a racionalidade, expressa numa simplicidade violenta, que são características marcantes em ti.
            Eu poderia passear por toda a História do ser humano, e em nenhum momento eu encontraria alguma mulher que se comparasse a ti... Ou melhor, encontrei, mas de um jeito que os mais “cultos” (e não entremos no mérito de tentar entender o que é ser isso, pois de fato creio que ninguém é culto, sendo que há ainda um mundo inteiro pra descobrirmos), diriam que eu sou louco, biruta. Pois eu achara você em Monteiro Lobato.  O nome dela é Lúcia, mas ganhara o apelido de Narizinho por ter o nariz arrebitado...
            És Narizinho, não pelo fato do nariz, pois o teu apesar de o ser levemente arrebitado, é fantasticamente bem desenhado e lindo, como todos os detalhes que há em você. Não é também pelos olhos de jabuticaba, que sim, você também o tem, e que brilha de uma forma tão única e incrível quando me vê, que faz meu ser disparar. Não és Narizinho por ser travessa (do seu jeito é claro). Não é Narizinho por diversas razões a não ser um: a tua simplicidade. Simplicidade revelada em uma criança, os seres mais fantásticos e complexos que existem. Nós “mais velhos” temos o estranho dom de complicar tudo, mas para a criança não. Nada de pensar muito, nada de sofrer pensando, vive-se. E você é assim.
            Eu queria que este fosse o melhor texto que eu já produzira... Eu quisera que minhas palavras fossem como as lindas flores do campo, que tomam o olhar de quem passa, que penetra dentro do ser, e toca a alma, e não simplesmente a mera visão. Quisera que minhas palavras fossem como o teu abraço, que apesar deu não o tê-lo neste exato segundo, eu o sinto, pois ele é único e o que eu amo; quem dera minhas palavras fossem “infinitas” assim... Quem dera que esse texto gerasse o teu riso. Quem dera...
           




            Buscara a resposta nas coisas vãs dessa vida. Viveu, comeu, bebeu, riu, mentiu, se disfarçou. Viveu insatisfeito. O sonho de menino não se realizava sabe-se lá por que. Ele cria que era pelo fato da “certa” não haver chegado. Mas ela não chegava. Desde os sete anos a aguardando, e nem o menor sinal dela. Ele não desistiu. Prosseguiu...
            Encontrou novas dúvidas, novos medos, sua mente era areia movediça, o prendia e o levava a ser idiota, o levava a nunca ter respostas, mas só novas dúvidas.
            Viveu, desvivendo a todo o momento. Aprendeu mentir a si mesma e assim a mentir para todos a sua volta...
            Aguardou por anos, para que os sonhos de sua vida começassem a se realizar... Eles começaram, sem que ele percebesse, de um jeito que ele não entendeu, de um modo em que as coisas aconteciam a partir de uma desconstrução. Ele começara a conquistar quando achou estar perdendo...
            Agora, a vida lhe pregava peças corriqueiras. Enganava seus sentidos, gerava-lhe falsas alegrias, mas também falsas tristezas. E o que é a vida se não uma bela fábula? Uma fábula que sempre há uma moral ao fim dela... E às vezes a moral nada nos diz de significação.
            Ele era feliz... Pois encontrara aquela que chamara de “Minha Dona”, aquela que ele ansiava  passar todo instante ao lado dela. Não sabia se era recíproco, queria que fosse, mas não imporia isso, não era possível se impor algo assim. Ele aprende que quem perde às vezes é o maior vitorioso. Ele queria que ela aprendesse isso. Mas também não exige. Somente sorri ao tê-la ao seu lado.
            Era incerto tudo... Havia muitas questões... Unir vidas não é tão simples quanto se pensa, todavia, quando se vive essa união os dois juntos, dispostos a cederem, dispostos a arriscarem, haja visto que apesar de nem tudo ir bem sempre, as coisas dão certas, pois o amor prevalece. Ele sabia que seria assim com eles, pois eles pareciam engrenagens que quando bem montadas, funcionam perfeitamente, fazendo uma máquina maior ter vida. 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Primeiro texto do ano rs


Ausência
            E ele sente as dores da saudade. Hoje é o terceiro dia deste novo ano e ele gosta desse número, mas nesse dia ele resolveu não gostar. Nosso personagem é um alguém sem rosto, sem nome, sem identidade, sem nada que nos atraia a não ser seu coração, que talvez tenha um pouco de nós ali, ou o seu exagero nos faça compreender-nos um pouco, ou não, quem é que o sabe?
            Ele sofre... A ausência dela o feria, o machucava e não porque ambos queriam, o desejo deles não era a distância, mas sim a proximidade, porém não dava pra ser assim.. E ai dentro dele, havia uma dor latente.
            Sabem como é essa dor de aguardar tanto pra ver uma pessoa e isso nunca chega? A dor do desapontamento, de esperar e esperar e no fim não dar certo? Pois é... Não é culpa de ninguém, a culpa é da falta da culpa. Ele sente saudades... Saudades dela.
            E ele percebe que a ausência, gera nele uma alma pessimista, ou melhor, ativa a sua alma pessimista que ele perdera por causa dela. De fato a vida dele nunca o ensinou a ver as coisas por um viés otimista, positivista, pelo contrário, sua vida lhe ensinou que nada vem fácil e que tudo parte muito rápido. Sua vida lhe ensinou que o mal chega mais rápido que a bondade. A vida lhe ensinou que era mais fácil sonhar sozinho do que com alguém, por que esse alguém dificilmente lhe dará ouvidos, ou irá lhe compreender. Que o amor dificilmente é retribuído, etc. e etc.
            Talvez o que doesse mais nele, era que ficar sem ela, era como estar sem nada. Ficar sem ela, gerava a cada instante nele um buraco, um vazio, que ia aumentando e que só ela podia preencher. Seu sono já não  é mais o mesmo, seu hábito alimentar também não, seu pensamento, muito pior, tudo por conta da falta que ela faz. E dói, só ele sabe como dói. A pior dor, é ver que sem ela, ele é fraco, mas ela não mostra isso. E como ele sabe disso? É que ele virou perito em saber da vida dela, em fuçar a vida dela. E sempre pareceu pra ele, que enquanto ele fica sem sorrir, entristecido e só pensando nela, ela pelo contrário, ri, se diverte, vive. Ela tem mais pessoas ao lado dela, ele não tinha ninguém que o fizesse se distrair. Os amigos dele eram cheios de outros amigos, e pra ser franco, ele não contava com seus amigos, não depois de tudo o que passou... E isso dói nele. Ela lá, feliz, ou aparentemente feliz, enquanto ele... Enquanto ele sem nada.
            É engraçado, pois ela gera nele uma força estranha, que lhe faz continuar, que lhe faz prosseguir. Estar com ela o desarmava, mas o fortalecia, e ficar sem ela ia definhando a pessoa dele, emocionalmente falando.
            Ele não sabe o que fazer. Queria ser forte. Queria saber resistir mais sem ela, pois em um tempo fora sem ela, contudo, ele provou da presença dela e o que ele mais queria é que isso não acabasse. Porém, ele teme que isso aconteça. Ela já o machucara, ela já negara a palavra dela pra ele. É claro que ele a perdoara, mas em tempos de saudade, essas coisinhas vem a tona, e dói mais. Ele também já a machucara, e como isso foi horrível...
            Saudades... Do sorriso dela, do sorriso sincero dela, dos olhos que chamavam por ele, dos lábios que mostravam aquele riso contido, aquele riso que ela reservara só pra ele. Quando estavam juntos, nem que fosse somente naquele momento, ela era só dele e queria isso, mas longe, ele sempre temia que ela mal lembrasse dele, que ela se distraísse com outro qualquer... Ele quer ser único, entretanto ele não sabe se é.
            A saudade está acabando com ele, todavia, ele sabe, que quando vê-la, vai valer a pena, pois cada segundo será fincado em sua mente e coração, e ele vai ter certeza de novo, que o amor dela, é só dele. 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Algo


Ama-me

Ah, o que é o amor? Na história e em todo o tipo de ciência, tenta-se explicar o que é isso, contudo, sempre pecaram em suas vãs tentativas.
            É muito mais que palpitações no coração, muito mais que frio na barriga, bem mais que ter o ser amado o tempo todo, dia e noite, noite e dia, esta pessoa em sua cabeça. É bem mais que a razão, é mais complexa que a emoção, é quase, se não a base, do que é divino, é única e tão somente o que denominamos como Amor, esse que cria, esse que destrói, que é faca, mas que é curativo, que é felicidade, mas também desgraça... Amor, o que nós precisamos...
            Na Literatura, a arte que conheço, o amor também é tentado ser explicado, e em diversos momentos mostra-se a sua manifestação em momentos históricos.
            Primeiro com os pais do pensamento ocidental, os gregos, com o seu amor a pátria, que por vezes chegava até a contrariar as suas divindades. Havia também o amor a honra, este mais forte do que quase tudo; pouco se há do amor pleno ao lermos Hesíodo e Homero, os tragediógrafos frisaram isso, mas também mostraram brilhantemente o amor ao povo, tem-se ai Édipo Rei, a melhor tragédia para Aristóteles.
            Ah passemos do amor ao povo, que perdemos faz tempo, este não me interessa. Após os gregos vieram os romanos e com Constantino a propagação do amor Ágape, este que é divino. E estranhamente ao se propagar esse tipo de amor, que o homem soube manipular, o mundo entrou em trevas, ou se preferirem, o período Medieval.
            Nesse período brotam os trovadores, sujeitos tidos como a cigarra daquele período, até porque, a música nunca tem o seu devido espaço e reconhecimento. Eles foram belíssimos, declaravam seu amor pelas mulheres e esse amor tinha força, tanta força que os Renascentistas, Barrocos, neoclássicos (Árcades), Românticos e todo o resto baseia-se neles, idealizando a mulher amada.
            Pulemos o Humanismo, e já digo de antemão que pularei o Barroco também, nada de amor Ágape, só o Filia e o Eros, porém o amor Filia nunca teve muita força, sempre o Eros foi mais forte, pois o homem só ama o que lhe falta, aquilo que lhe traz alegria é pouco valorizado; enfim, é do Clássico que queremos falar, é de Camões, é de outros que foram bons, mas nem sei seus nomes, esses que tentaram explicar o que é o amor: “é tudo e é nada”, “é o céu, mas pode ser o inferno”, esse que deu uma legitimidade ao amor Eros. Fora um período fértil nessa temática, contudo parece que ele não tinha tanta foram o que também não ocorreu com os Árcades, dai então vem os Românticos.
            Ah esses Românticos, os dramáticos, os que pelo amor iam até as últimas consequências, os que são vistos atualmente como os babacas. Muitos os odeiam, porém são todos como eles, eu particularmente os amo, os admiro, sou quase igual a eles, adepto de seus ideias, menos a parte da morte, pois a modernidade me deu a opção da depressão que definha a pessoa.
            Mas porque tento mostrar o amor na história, se no meu tempo ele não é valorizado? Talvez eu só queira fazer isso pra que entendam que quando amo, amo de verdade, todavia provar isso a vocês é tolice, não é mesmo? Porém eu amo e queria explicar o que é o amor na minha torpe concepção: é a junção do Eros e da Filia, é o que me falta quando estou longe de ti, mas é o que me traz alegria quando estamos um do lado do outro.
            Amor, é algo que se sente e não algo que se explica, entretanto é por senti-lo que tentamos explicá-lo. Mas amor é como o vento, vem de repente, envolvente, não se vê, mas o sente, não o segura nas mãos, porém prende-se em seu ser, mas precisamente no coração, ele pode sumir, porém quando volta sabemos bem que é ele.
            Hoje eu não tenho a necessidade de explicá-lo, mas tento, só para ver um sorriso surgindo em seus lábios, rindo da minha redundância com este assunto, e isto é amor, pensar no ser amado primeiro. Talvez alguns achem que isso nos torna fracos, mas sem isso não teríamos chegado à lugar algum.
            É por isso que só sei dizer:

Chega de mansinho,
Bem devagarzinho,
E arrebata meu coração.

É algo inexplicável,
Algo admirável,
A negação da razão.

É o que não se explica,
Pois se não se complica,
Chamam isso de Amor.

Mas ele é mais que isso,
Constitui-se disto,
E de momentos de torpor.

Contudo és mais bela
Bem melhor que a tal de “Cinderela”,
É a personificação desse sentir.

És quem eu amo,
E disso não me engano,
Ao teu lado, encontro resposta para o existir.